P- Fazem dois dias que fiquei muçulmana. Gostaria de saber como fica os meus familiares não muçulmanos? Deverei continuar a manter os laços familiares?

ago 9, 2020 | Moral e bons modos

Em nome de Allah, o Compassivo, o Misericordioso

P- Fazem dois dias que fiquei muçulmana. Gostaria de saber como fica os meus familiares não muçulmanos? Deverei continuar a manter os laços familiares?

R- A manutenção dos laços familiares (Silatu Rahim) é um dos valores fundamentais no Isslám, enquanto que o corte de relações (Qata’ Rahim) é bastante grave, encimando a lista dos “grandes pecados” (Kabirah). É uma obrigação cumprir com esse dever, não com intenção de reciprocidade, pois é exigido a um muçulmano que seja bondoso mesmo com os seus familiares não muçulmanos, e mesmo com os que sejam ríspidos para com ele. A sua entrada no Isslám não deve para ser motivo de quebrar os seus laços de parentesco com sua família não muçulmana. A pessoa que corta laços familiares ou recomenda aos outros fica privado da misericórdia de Allah ﷻ e é castigado tanto neste mundo, como no mundo do Além.

Allah ﷻ diz no Qur’án:
“E aqueles que quebram o compromisso com Allah após o terem firmado, rompem aquilo que Allah ordenou que fosse ligado (i.e. laços familiares) e promovem desordem na terra, esses terão a maldição e terão a pior morada.” (Surah Ar-Ra’d 13:25).

Sayyiduná Abu Hurairah رضي الله عنه narra que o Mensageiro de Allah ﷺ disse:
“Quem deseja alcançar uma maior riqueza e uma longa vida, deve fortalecer os seus laços familiares.” (Bukhári).

Quando Hércules (rei de Roma) perguntou a Sayyiduná Abu Sufiyán رضي الله عنه sobre os ensinamentos do nosso Profeta ﷺ . Sayyiduná Abu Sufiyán رضي الله عنه respondeu o seguinte:
“Ele ﷺ nos ensina a adorarmos somente a Allah, a não associarmos ninguém a Ele, e a abandonarmos tudo o que os nossos ancestrais disseram; e nos ordenou a observarmos a oração, a falarmos a verdade, a mantermo-nos castos e a reforçarmos os laços familiares.” (Bukhári e Musslim).

A manutenção dos laços familiares não se limita aos membros da família muçulmana, inclui os não muçulmanos também.

Sayyiduná Abu Hurairah رضي الله عنه conta: Quando o seguinte versículo foi revelado:
“E admoesta (ó Muhammad) os teus parentes mais próximos”, o Mensageiro de Allah ﷺ chamou a tribo Quraixita e eles se reuniram, e ele proferiu em termos gerais e específicos, então ele ﷺ disse:
Ó Banu Ka’ab bin Luwai! Ó Banu Murrah bin Ka’ab! Ó Banu Abd Shams! Ó Banu Abd Manáf! O Banu Háshim! O Banu’ Abdul Muttalib! Salvem-se do fogo do inferno! Ó Fátima! Salve-se do fogo do inferno. Eu não terei capacidades de defendê-los perante Allah, mas jamais irei abandonar os laços familiares. (Sunan Nassái).

Sayyidatuná Assmá Bint Abi Bakr Radhialláhu ‘Anha explica o seguinte incidente:
Minha mãe quando ainda se mantinha na idolatria fez-me uma visita, ainda nos tempos do Mensageiro de Allah ﷺ. Foi então quando o consultei, dizendo-lhe:
“Minha mãe esteve em minha casa, veio pedir-me ajuda; porém, ela continua conservando a sua idolatria. Acaso tenho eu o dever de manter os meus laços familiares com ela? Ele ﷺ disse: Sim, conserva os teus laços com ela!” (Bukhári)

Além disso, a manutenção de laços familiares com não muçulmanos também servirão como Da’wah e um convite para o Isslám. No entanto, ao manter boas relações com a família não muçulmana, é importante proteger e preservar as crenças Isslámicas (‘Aquidah), isto é, a interação com os membros da família não muçulmana não deve levar ao comprometimento dos valores, práticas e crenças Isslámicas.

Mufti Ismail Abdullah Ismail
Daarul Iftá- Beira

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