Em nome de Allah, o Compassivo, o Misericordioso
P- É permitido aos muçulmanos celebrarem as festas de Natal?
الجواب حامدا ومصليا
R- Não, não é permitido aos muçulmanos participarem, nem celebrarem as festas de Natal, pois, estas festas têm origens pagãs que contrariam as crenças fundamentais dos muçulmanos no que concerne à Tauhid (unicidade de Allah . Originalmente destinada a celebrar o nascimento anual do Deus Sol no solstício de inverno (natalis invicti Solis), a festividade foi ressignificada pela Igreja Católica no século III para estimular a conversão dos povos pagãos sob o domínio do Império Romano e então passou a comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré.
O Isslám é uma religião divina que regula todos os momentos da vida do ser humano. Estes momentos, por sua vez, incluem também todos os dias festivos. Porém, o Isslám tem uma particularidade saliente e relevante, pois, os dias festivos nesta religião são marcados de uma forma divina, que ocorrem após um sacrifício, como forma de regozijo. O Isslám estabeleceu somente dois dias festivos – os dois Ides (‘Idul-Fitr e ‘Idul-Ad-há) – e ambos acontecem após um sacrifício.
A comemoração do nascimento de uma pessoa distinta nunca foi prescrito por nenhuma religião que foi atribuída a revelação divina. Era originalmente um costume predominante apenas nas comunidades pagãs. O Natal, a famosa festa cristã que comemora o nascimento de Jesus Cristo (Issa عليه السلام) não encontra menção na Bíblia ou nos primeiros manuscritos cristãos. Foi somente no século IV após a ascensão de Jesus Cristo que o Natal foi reconhecido como uma festa cristã regular. Aproveito citar algumas narrativas da Enciclopédia de Collier:
“É impossível determinar a data exata do nascimento de Cristo, seja pela evidência dos evangelhos ou por qualquer outra tradição sólida. Durante os três primeiros séculos da era cristã, houve uma oposição considerável na Igreja ao costume pagão de celebrar aniversários, embora haja alguma indicação de que uma comemoração puramente religiosa do nascimento de Cristo foi incluída na festa da Epifania. Clemente de Alexandria menciona a existência da festa no Egito por volta do ano 200 d.C. e temos algumas evidências de que isso foi observado em várias datas em diferentes territórios. Após o triunfo de Constantino, a Igreja de Roma designou 25 de dezembro como a data da celebração da festa, possivelmente cerca de 320 ou 353 dC. No final do século IV, todo o mundo cristão estava celebrando o Natal naquele dia, com a exceção das igrejas orientais, onde foi celebrada em 6 de janeiro. A escolha de 25 de dezembro provavelmente foi influenciada pelo fato de que naquele dia os romanos celebravam a festa mitraica do deus-sol, e que a Saturnália também veio nessa época. (Collier’s Encyclopedia).
Uma descrição semelhante da origem do Natal é encontrada na Enciclopédia Britânica, com outros detalhes. A seguinte passagem elucidará mais este assunto:
“O Natal não estava entre os primeiros festivais da Igreja, e antes do século V não havia consenso geral sobre quando deveria aparecer no calendário, seja em 6 de janeiro, 25 de março ou 25 de dezembro. A identificação mais antiga de 25 de dezembro com o aniversário de Cristo está em uma passagem desconhecida e provavelmente espúria, dos filos de Antioquia (c.180), preservada em latim pelos centuriadores de Magdeburgo, de tal maneira que os gauleses sustentavam que, desde que celebraram o nascimento do Senhor em 25 de dezembro, eles deveriam celebrar a ressurreição em 25 de março. Uma passagem, quase certamente interpolada, no comentário de ‘Hipelatos’ (c. 202) sobre Daniel iv, diz que Jesus nasceu em Belém na quarta-feira, 25 de dezembro, no 42º ano de Augusto, mas ele não menciona nenhum banquete, e esse banquete, de fato, entraria em conflito com as ideias então ortodoxas. Já em 245, Origin (hem. Viii em Levítico) repudiava a ideia de manter o aniversário de Cristo “como se ele fosse o rei faraó”. (Britannica).
Os dois textos acima citados são mais que suficientes para provar os seguintes fatos:
1- A comemoração dos aniversários era originalmente um costume pagão, nunca reconhecido por uma escritura divina ou ensino profético.
2- A data exata do nascimento de Jesus (Sayyiduna Issa عليه السلام) é desconhecida e impossível de ser determinada.
3- A comemoração do nascimento de Jesus não era uma prática reconhecida nos primeiros séculos da história cristã.
4- Foi no século IV ou V que foi reconhecido como um banquete religioso e também sob a influência dos pagãos que adoravam o deus do sol.
5- Houve uma forte oposição contra a comemoração do aniversário pelos primeiros estudiosos cristãos como Origin, com o argumento de que é originalmente um costume de pagãos e idólatras.
Qualquer muçulmano com o mínimo conhecimento sobre o Isslám, seguramente, rejeitará a descrença e a idolatria em qualquer das suas formas. Somente por ignorância ou negligência, alguém pode continuar participando em festivais anti-islâmicos que refletem a aceitação de ambos. Os muçulmanos devem ser firmes em rejeitar tudo aquilo que contrarie o conceito de Tauhid (unicidade de Allah ﷻ).
Que Allah ﷻ nos proteja de participar em festivais anti-Isslâmicos.
هذا ما تبين لى والله أعلم بالصواب
Mufti Ismail Abdullah Ismail
Daarul Iftá – Beira
24 de Rabi’ul Ákhar de 1441
21 de Dezembro 2019
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