Em nome de Allah, o Compassivo e o Misericordioso
P- Qual é o significado do dia 10 de Muharram no Isslám?
R- Muharram é o primeiro mês do calendário Isslâmico e um mês bastante virtuoso. Nele, mais concretamente o dia 10, conhecido como dia de ‘Ashura. ‘Ashurá é uma palavra árabe que linguisticamente provém do “Ashara” que significa dez. Pela importância que o dia 10 de Muharram tem na História do Isslám, ele tem uma particular relevância para todos os muçulmanos.
Sayyiduná Abu Hurairah رضى الله عنه narra que Rassulullah صلى الله عليه وسلم disse:
“O melhor mês para se jejuar, depois de Ramadhán, é o de Muharram, e o melhor Salát (oração) depois das prescritas (obrigatórias) é a oração voluntária da noite (Tahajjud)”. (Musslim).
Sayyiduná ‘Abdullah Ibn ‘Abbásse رضى الله عنه narra que quando Profeta de Allah صلى الله عليه وسلم chegou a Madinah, encontrou os judeus a jejuarem no dia de ‘Ashura, ao que perguntou: “Qual o significado deste dia do qual vós jejuais”?
Responderam: “Este é o dia em que Allah libertou o profeta Mussa عليه السلام e seus seguidores e afogou Fir’aun e seu exército”; (então) Mussa عليه السلام jejuou neste dia como forma de agradecimento. Assim, nós também jejuamos neste dia.
O Profeta صلى الله عليه وسلم disse: “Nós temos mais direito sobre Mussa عليه السلام do que vós e somos mais próximos dele do que vós”. Então, o Profeta صلى الله عليه وسلم jejuou neste dia e ordenou aos Sahábah رضى الله عنهم que fizessem o mesmo. (Musslim).
Em outro Hadisse Sayyiduná ‘Abdullah Ibn ‘Abbásse رضى الله عنهما conta que no dia de ‘Áshura, quando Rassulullah صلى الله عليه وسلم jejuou e ordenou aos seus companheiros para jejuarem, então, estes exclamaram:
“Ó Mensageiro de Allah! Este é um dia enaltecido pelos Judeus e pelos Cristãos.”
Então, Rassulullah صلى الله عليه وسلم retorquiu:
“Se Allah quiser, no próximo ano iremos jejuar (também) no dia 9 (de Muharram)”.
Sayyiduná ‘Abdullah Ibn ‘Abbásse رضى الله عنهما diz: “contudo, o Profeta صلى الله عليه وسلم faleceu antes da chegada do ano seguinte”. (Musslim).
MUSSÁ عليه السلام E A LIBERTAÇÃO SEU POVO
Já estava claro que Fir’aun (Faraó) e os coptas do Egito não estavam interessados em se corrigirem. Estavam simplesmente a fazer com que o tempo passasse, pois dentre eles apenas três pessoas aceitaram Imán (Fé): Ássia, a mulher de Fir’aun, um homem crente da família de Fir’aun que lhe deu valiosos conselhos e o homem que correu para alertar a Mussa para que saísse do Egito, quando as autoridades estavam à sua procura, antes da sua ida à Madian. Os feiticeiros haviam-se já juntado à Mussa عليه السلام e aos Banu Issra’il (Filhos de Israel).
Allah سبحانه وتعالى diz:
“E ninguém acreditou em Mussa, a não ser alguns descendentes de seu povo, por medo de que Fir’aun e seus chefes os oprimissem. Na verdade, Fir’aun era um tirano na terra e era um dos entregues aos excessos.” (Surah Yunus 10:83).
Mas finalmente, Allah سبحانه وتعالى informou à Mussa عليه السلام que já havia chegado o momento de conduzir os Filhos de Israel até a Palestina. Naquela altura, para se sair do Egito rumo a Palestina, havia apenas duas vias: a terrestre, que Mussa عليه السلام utilizara já por duas vezes (quando ia para Madian e quando regressou ao Egito), e a marítima, esta através do Mar Vermelho.
Pela noite e de surpresa, Mussa عليه السلام e Harun عليه السلام conduziram os Filhos de Israel rumo ao Mar Vermelho. Apesar do percurso marítimo ser muito mais longo, era o menos vulnerável às ações de perseguição, pois se os Banu Issráil fossem recapturados, ficariam em piores condições do que àquelas em que tinham estado antes e depois de muitos anos de subjugação. Eles não ofereceriam grande resistência a Fir’aun, e também porque Allah سبحانه وتعالى escolhera o mar para pôr termo à vida de Fir’aun e seu grupo.
Algumas mulheres dentre eles nem tempo tiveram para devolver as jóias que haviam pedido emprestado às suas patroas egípcias para um festival ali realizado. Os Banu Issra’il levaram consigo o caixão em que estava embalsamado o corpo de Yussuf عليه السلام, segundo o testamento deixado por este.
Apesar do segredo mantido, a movimentação de uma grande massa de gente acabaria por chamar a atenção, pelo que nessa mesma noite, a noite da partida, foram descobertos. E quando Fir’aun foi avisado, tomou pessoalmente o comando de um grande contingente militar, saindo imediatamente ao encalço dos fugitivos; tal era a fúria que o possuía. Pelo amanhecer já os avistava, embora ainda de longe.
Mussa عليه السلام fazia-se acompanhar de um grande número de elementos dentre os Filhos de Israel, sem contar com as crianças. Quando olharam para trás, viram que Fir’aun estava muito próximo e quando olharam para frente, viram o mar. Então, manifestaram o seu receio e preocupação junto a Mussa عليه السلام . Alguns até disseram: Seria melhor se tivéssemos continuado no Egito, do que virmos morrer aqui.
Mussa عليه السلام tranquilizou-os: Não tenhais medo, Allah سبحانه وتعالى está comigo.
Alcançareis êxito, pois uma promessa da Sua parte sem dúvida que é infalível.
Foi nesse instante que Allah سبحانه وتعالى deu novas instruções à Mussa عليه السلام, para que com o seu cajado batesse sobre a água do mar. Milagrosamente formou-se um grande banco de areia em forma de estrada, que separava as ondas de um e do outro lado, como se de montanhas à direita e à esquerda se tratassem. Foi por esta “estrada” que Mussa عليه السلام e os Filhos de Israel lograram alcançar o outro lado do mar.
Fir’aun, sem medir as consequências da sua fúria e sem inquirir como é que uma passagem daquelas poderia ter surgido em pleno mar, incitando também os seus homens, meteu-se pela mesma “estrada”. Consta que na sua arrogância e como forma de enganar os seus seguidores disse-lhes: Olhai! O mar abriu-se pela minha ordem, para eu perseguir esses rebeldes e prendê-los. (Histórias selecionadas do Al-Qur’án 2\187).
Allah سبحانه وتعالى diz:
“E eis que o Faraó e seu povo os perseguiram ao nascer do sol. E quando as duas multidões se avistaram, os companheiros de Mussa disseram: sem dúvida seremos apanhados! Mussa lhes respondeu: Qual! Meu Senhor está comigo e me guiará! E inspiramos a Mussa: Bate o mar com o teu cajado! E eis que aquele se dividiu em duas partes e cada parte ficou como uma alta e firme montanha. E aproximamos para ali os outros. E salvamos Mussa عليه السلام juntamente com todos que com ele estavam. Em seguida, afogamos os outros. Sabei que nisto há um sinal; porém, a maioria deles, não crê”. (Surah Shu’ará 26: 60-67).
Mufti Ismail Abdullah Ismail
Daarul Iftá – Beira
07 de Muharram de 1437
21 de Outubro de 2015
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